#74 As palavras que nos alimentam
“Trabalho”, “economia”, “política”... Essas palavras fazem você sentir alguma coisa? Não pense muito; apenas sinta. E estas: “cachorrinhos”, “presentes”, “férias”? Talvez você não tenha sentido algo de fato, mas certamente o seu cérebro reagiu sutilmente a elas.
Algumas palavras moldam nossa realidade, não apenas no mundo das emoções, mas também no mundo físico. As palavras mencionadas ali acima têm diferentes significados para cada pessoa. Talvez você não reaja bem à palavra “cachorrinhos” por sofrer de alguma alergia, ou talvez você goste muito de política e, por isso, goste desse tipo de discussão. Mas a beleza das palavras está no fato de que escolher as palavras corretas pode nos ajudar a despertar sentimentos para ajudar o nosso bem-estar e o bem-estar de outras pessoas.
Esta newsletter fala de palavras que nos alimentam, e é assim que vamos explorar esse tema:
💬 A ciência das palavras
🤬 A catarse de dizer coisas que magoam
🧠 Notícias do mundo: pensamentos que se transformam em palavras
🤗 Recomendação de conteúdo para se comunicar melhor
💬 A ciência das palavras
Noah Kahan é um extraordinário cantor e compositor dos Estados Unidos. Recentemente, ele publicou um hipnotizante artigo para a revista Time. O título é “Putting Words to My Mental Health Struggles Saved Me” (“Inserir palavras nas minhas dificuldades com a saúde mental me salvou”). Com um título tão pesado, dá para imaginar que é um texto emocionante, não é mesmo?
Noah descreveu uma jornada fascinante. Uma jornada com a qual você talvez se identifique. Quando pensamos em nossas dificuldades emocionais e em nossa saúde mental, às vezes, subestimamos a importância delas e seu impacto na nossa vida cotidiana. Pensamentos como “tive uma infância privilegiada”, “tenho um emprego estável” e “todos da minha família me amam” podem nos condicionar a acreditar que não temos o direito de nos sentirmos mal ou que nossos desafios não são tão grandes assim e que temos que simplesmente superá-los. Um poder e tanto, não?
A National Library of Medicine publicou um estudo sobre o poder das palavras negativas e positivas no cérebro das pessoas. Com imagens de ressonância magnética funcional, os participantes receberam duas tarefas: uma na qual eles se concentrariam no significado emocional das palavras, e outra na qual prestariam atenção aos aspectos não emocionais.
Quando as pessoas se concentraram no significado emocional, palavras positivas ativaram uma parte do cérebro chamada de córtex pré-frontal medial ventral mais do que as palavras negativas. Por outro lado, palavras negativas ativaram uma parte diferente, chamada de ínsula, mais do que as palavras positivas. Essas duas regiões do nosso cérebro estão associadas, entre outras coisas, à regulação emocional, comportamento social, empatia e tomada de decisões.
O que estamos querendo dizer é: as palavras têm poder. A maneira como você pensa a seu respeito, a respeito da sua vida, dos seus amigos, dos seus objetivos… Tudo isso importa e pode afetar fortemente não apenas o seu humor, mas a maneira como você percebe as coisas e como você aborda a vida.
É por isso que as práticas de atenção plena podem auxiliar na sua jornada em muitos aspectos. Comece tentando se sentir confortável para identificar suas emoções. Não existem emoções boas ou ruins; elas simplesmente são o que são. A partir daí, inicie a aventura de navegar por elas com curiosidade e conforto. Conte conosco para trilhar esse caminho com você.
🤬 A catarse de dizer coisas que magoam
Relembre a última vez que você teve uma discussão (na vida real ou online): você pensou em dizer algumas frases que magoariam a pessoa? E com pessoas do seu trabalho ou da sua turma de estudos? Você já sentiu necessidade de dizer algo horrível para elas? Provavelmente, em alguns momentos, você deve achar que elas merecem. Mas veja que descoberta interessante: psicólogos acreditam que o que causa essas explosões não são a fonte (a pessoa ou as palavras), mas o aspecto emocional que as envolve. É a catarse.
No contexto da psicologia e do bem-estar emocional, catarse se refere ao processo de libertação. Portanto, essas explosões podem ser uma maneira de se proteger ou de proteger o seu ego. Em outras ocasiões, pode ser uma maneira de proteger seus valores e seu sistema de crenças. Seja como for, é importante entender que nem todas as explosões são conscientes.
Situações de conflito podem servir de gatilho para dificuldades que as pessoas têm com traumas e saúde mental. Nosso cérebro é capaz de reagir em uma fração de segundo, e as palavras saem da nossa boca sem que tenhamos ciência da dor que podemos causar a alguém. Se você já fez isso, saiba que é normal. Seu foco, nesse caso, pode ser redirecionado para sua expressão catártica.
✨ Expressão artística: A arte pode atuar como representação simbólica das emoções, ajudando os indivíduos a externalizar e entender suas experiências internas. Escreva um poema, pinte, faça uma escultura, cante sozinho(a) em casa, dance até não aguentar mais.
✨ Atividade física: A atividade física nos dá uma maneira saudável de liberar a energia acumulada associada a emoções fortes. Você pode correr, nadar ou fazer uma trilha. Os fluxos de yoga também podem ajudar você a liberar endorfinas e sentir tranquilidade.
✨ Comunicação verbal: Ela pode trazer clareza e propiciar uma compreensão mais profunda do que está causando sofrimento. Se você não se sentir preparado(a) para expressar seus sentimentos, experimente fazer o exercício da cadeira vazia → Sente-se de frente para uma cadeira vazia, imagine que a pessoa com quem você quer falar esteja sentada nela e diga o que você precisar dizer, sem nenhum filtro.
✨ Chorar e gargalhar: Essas duas coisas são reações naturais que podem ajudar a liberar a tensão e o estresse acumulados. Não tenha medo das lágrimas, e busque risadas sempre que puder.
Mais uma coisa antes de seguirmos para o próximo assunto: entender que as explosões emocionais podem ter raízes emocionais profundas não significa de forma alguma que você deva suportá-las.
Busque o apoio da sua comunidade e trate seus limites com gentileza, mas também firmeza.
🧠 Notícias do mundo: pensamentos que se transformam em palavras
Adoraríamos dizer a você que esse importante avanço é voltado para quem tem dificuldade de dizer o que pensa e sente. Mas ele é ainda mais benéfico para pessoas que perderam a capacidade de falar em decorrência de lesões como derrames ou condições como a esclerose lateral amiotrófica.
Um exame cerebral já é capaz de transformar pensamentos em palavras. Esse é o incrível resultado da união de IA, engenheiros, linguistas e neurocientistas. Os participantes ouviram podcasts ou TED talks durante um exame de ressonância magnética. Em seguida, os pesquisadores coletaram grandes volumes de dados cerebrais para ensinar a um modelo computadorizado como o cérebro reage a diferentes palavras.
Surpreendentemente, o modelo aprendeu a prever a atividade cerebral com base nas palavras e expressões. Quando foi testado, ele reconstruiu frases de maneira precisa a partir da atividade cerebral dos participantes, até mesmo identificando palavras específicas.
Agora, a relação entre palavras e nossas funções cerebrais estão mais óbvias. O que você sente ao saber disso? Já temos filtros e apps que reconhecem expressões faciais para identificar as emoções das pessoas. Você acha que esses avanços tecnológicos seriam úteis para o seu dia a dia? Como você acha que eles vão mudar a maneira como nos comunicamos uns com os outros?
Não se esqueça do poder das palavras. Tente sempre compartilhar palavras gentis com o mundo e especialmente com você.
🤗 Recomendação de conteúdo para se comunicar melhor
Meditação
Obrigado pela companhia de hoje. Você aprendeu algo novo sobre as palavras que alimentam você? E sobre as palavras que alimentam as pessoas ao seu redor? Esperamos que você desenvolva e compartilhe a consciência para se comunicar de maneira saudável e que sua próxima prática de atenção plena se concentre no poder dos seus pensamentos.
Fique à vontade para enviar esta edição para alguém importante para você. Compartilhar é cuidar!
Até a semana que vem.
